quarta-feira, 22 de abril de 2009

Filosofia do cronômetro

(Green Watch by Amuse - DeviantArt)


Terremoto e peço um chá para tentar sentir o sabor dos dias que passam em martelo agalopado. Ontem já nem lembro, hoje já acaba, amanhã, quando der conta, já se foi. Cajueiro ao lado da casa, vívidas recordações de horas que pareciam anos a saborear cajus. Sombra, água fresca, o mar tão perto que se podia ouvir as ondas e o cântico das sereias que ainda não sonhava desejar . Refeição agora é prova de velocista, engolida e deglutida entre um afazer e outro e não tem mais o mesmo sabor. Tudo é tão mecânico, tudo se inicia ao som do tiro de partida e a pista só tem cem metros. Imperativo concluir o que se inicia em menos de dez segundos, novo recorde mundial batido a cada tic-tac criterioso do relógio que hoje é senhor do tempo e não mais o seu serviçal. Dispositivo surreal travestido de ditador que nos açoita com ponteiros travestidos de tridente. Delírio? Mas acho que sinto o cheiro de enxofre em cada um desses pequenos tiranos. Bomba atômica sobre a Suíça e perderíamos também o sabor do chocolate. Dúvida cruel, paradoxos do capital.

O sol se põe antes mesmo de nascer
A noite é um inocente piscar de olhos
Dias seguem em martelo agalopado
Escuto o Zé contar seus segredos
Dê-me seu dinheiro
Eu preciso comprar um pouco de tempo para viver

terça-feira, 21 de abril de 2009

Aquele ponto no mapa

(Body Map 5.0 by Saicze - DeviantArt)


Não há o que se falar
Dança leviana repleta de símbolos
Arco voltaico
Ponte erigida que liga continentes
Linguagem obscena em tom de prece
É certo que desejos não se consumam com palavras
De certo há pecado que é melhor em braile
E são necessários muitos estudos em abril
De maneira a ler a mensagem da pele
Mapa cheio de segredos
Rota direta ao ponto de exclamação repetido ao infinito

A imaginação é mentira de perna longa
O suspiro exato do que a alma anseia
Enquanto a expedição não se pode consumar
Tem-se espera de progressões geométricas
A ansiedade prega peças ao desavisado
Não haverá viagem que revele o sorriso?
Nem mesmo escala que satisfaça?
Estrada que beire esse rio?
Não há pouso?

E o encaixe que se propõe em versos
Alcança o destino e incendeia
Converte o errado em certo
Reduz o maduro à criança
E esta sabe
Nunca houve mal-me-quer em seu jardim
Bem querer é sempre querer perto de si

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um Adeus


O que é um clipe de papel?
Tão inocente como o céu.
Preso nele esta a última carta...
O último adeus cheio de fel.

Em um entardecer sombrio,
Lembro-me do teu triste fim.
Se jogaste como uma bituca de cigarro,
Em cima do carro... triste fim.

Um clipe de papel...
Cheio de dores, amargura... fel.

Nosso último entardecer...
Nos pomares de tuas curvas,
Tua pele macia, feito casca de manga madura,
Navego em teu corpo, em busca de prazer.

Antes um menino,
A correr pomares a catar frutas frescas.
Hoje homem...
Continuo a correr, agora por frutas virtuosas maduras.

Um clipe de papel...
Cheio de lembranças, ternura... fel.

Nesta carta você declara,
Nunca pertencerá a ninguém. O mundo aos seus pés... Te amei e a mais ninguém!

Mas o tempo cuidou da gente,
Cada um com seus caminhos,
Em busca de novas paixões...
Em busca do que nunca encontramos.

Neste clipe de papel,
Guardo nossas histórias,
Nossa vida, nosso tempo...
Hoje me jogo ao vento... ao fel. Um clipe de papel.

Alessandro
20.04.09

sábado, 11 de abril de 2009

Onde Nasce a Paixão


Colisão é a distinção de um choque entre dois corpos
Oposição, discórdia, desarmonia...
Que quando perambulado com inteligência,
Nunca se encontrará inútil ao ser artístico.

Os amantes... sim os amantes,
Vivem a colidir frontalmente com a razão e a emoção.
É quando o desocupado coração...
Prescindi de qualquer ajuda.

Mas o que fazer?
A mente já não dá mais opiniões...
Amanhece e você se depara,
Que a noite foi curta para amá-la.

Frontalmente com olhares silenciosos,
Que mordem por dentro e por fora.
Insinuante de certa forma,
Querem se entregar ao tempo do agora.

Infinito quanto dure,
Esse amor, esse agora.
A nudez que calado aflora,
Ter o mundo colidindo lá fora.

Agora amada, nem os olhos verão
O teu toque em meu coração.
Nutridos de pecados e tentação,
Me levam para onde nasce a paixão.


Alessandro Medeiros

11.04.09

terça-feira, 7 de abril de 2009

Amor?



Mais uns versos...
Apreciem com moderação... Abraço a todos.
E obrigado pelas cobranças, só estimulam e me dão mais inspiração.







"A mãe terra está escura
E bem lá no fundo,
Também estou escuro.

Ando por um grande lago,
As águas refletem a noite,
Deixando a lua e as estrelas pra trás.

Amanhece o dia,
Mas, já não é o mais belo dos amanheceres.

Prossigo sozinho pelos campos,
Sina de quem ama, e que não precisa de amor...
E sim, de ser amado.

Quem é essa pessoa?
Tão forte, tão frágil
Tão homem, tão menino... que chora.

Que dor é essa que traz dentro do peito?
Só pode ser amor."

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Graciosa és tu mulher



Para começar Abril, gostaria de homenagear a todas as mulheres (que são a maior fonte de inspiração dos poetas) com esses versos que fiz em 2006.




"Graciosa fonte de delicadeza,
Com Que Deus nos abençoou.

Fonte de força,
Que segue sempre segura,
No sorriso ou na dor.

Fonte de maturidade,
Que um dia foi menina...
Amanhã... Mulher.

Fonte de graça,
Graça, de um dia ser mãe...
Mães que educam o mundo.

Porém tu és mulher, tu és mulher.

Graciosa és tu.
Pura és tu.
Bela és tu.

Teus olhos refletem o amor,
Teu coração suporta a dor,
Teu espírito Deus abençoou.

Graciosa fonte de amor,Com Que Deus nos abençoou."


Alessandro Medeiros

07.03.06