segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sonhos Que Não Recordo

(Foto por Liquid Kid 1 - DeviantArt)



Sei que escrevo palavras tortas

Mas sigo a linha

E rezo pela cartilha

Pela sua maldita cartilha

Sustento meus vícios

Beijo nuvens em sonhos que não recordo

E rego as flores no jardim

As suas flores, o seu jasmim

Passou outono, inverno, primavera, verão

Um dia a mais caminhando

E faço aniversário

Comemoro pouco, bebo muito

Mover, mover, mover, mover

E não se sabe para onde se vai

Até Deus teve um dia de descanso

Quando você permitirá o meu?

Trago livro, traguei muita fumaça

Hoje faço poema, escrevo ilusões

Mágica na ponta do lápis

Devaneios e sonhos que não recordo

Sonhos que não recordo

Sonhos que não recordo

Abri mão de mim

Piada mal contada em salão de festa

Perdido de mim

Sinal de fumaça a milhas de distância

Vejo-me passar sozinho no outro lado da rua

Rasguei umas folhas de embrulhar pão

Espero, ao menos uma vez

Lembrar dos meus sonhos

3 comentários:

Marília Silveira disse...

Pink Floyd e essa imensidão de céu à disposição dos olhos. Alguém entregue a outro, recordando sonhos que não são seus? Sem registros?

Triste e tocante.
E um café sempre quentinho!

Grande abraço!

Narradora disse...

Como diz um escritor que eu gosto muito: "Acenda um cigarro e ouça boa música..."
Bjs

Letícia disse...

Certo. E você diz que eu escrevo muito. Tô aqui desde não sei quando tentando ler tudo.

E li esse poema aí que leu a minha cara. Também decoro cartilha, não sei se falamos da mesma cartilha. Aliás, acho que poetas sempre falam de outra coisa. O Quintana me disse isso. E Ando na linha, mas é a linha que eu criei. Linha torta mesmo.


Você escreve, João. Escreve como quem vive e falha e tem um talento de voz forte. Sempre que leio, me espanto. Gosto demais dos seus textso, poemas, desenhos... Sempre gostei.

Com carinho,

Crazy Diamond.