quinta-feira, 26 de março de 2009

A Inveja é uma m... ou Frankenstein

Poetas para cá. Poetas para lá. Os poetas fazem muito sucesso nestas plagas. Movido pelo legítimo sentimento que intitula este post, a despeito da certeza de que não nasci para isso e na esperança de que, ao menos, meu esforço seja reconhecido, resolvi parir uma poesia também. Profundo desconhecedor desta arte obscura, resolvi tentar um método revolucionário de desconstrução. Ou anti-receita de bolo (com hífen ou sem hífen? - e- hífen com acento ou hifen sem acento?). Parti de uma estrutura clássica, sólida e de valor cultural incontestável:

Batatinha quando nasce

Se esparrama pelo chão

Levo papai no bolso

E mamãe no coração

Acrescentei uma pitada de melancolia, quebrei a rima, para ficar moderno, atualizei as relações familiares, extraí o contexto pequeno burguês e mantive a parte mais pungente:

Batatinha quando MORRE

Se esparrama pelo SOLO

Levo o namorado da mamãe A SÉRIO

E a mamãe no coração

E... não estava funcionando. Saem pai e mãe. Mais versos, isso. Entram um toque esotérico, outro politicamente correto. Algo non sense. Algo religioso. Uma referência a um grande poeta vivo. Melhor, morto.

Hórus quando morre

Se esparrama pelo Nilo

Um elefante trago no bolso

Cigarros não trago nunca,

Buda que me livre!

Havia uma batata no meio do caminho

No meio do caminho havia uma batata

E... ah, esquece! Vou voltar à prosa.

3 comentários:

João Neto disse...

KKKKKKKKKKKK!!!!

Você é a voz do contra que só faz somar. E poema pode ser feito de várias formas, mesmo quando não estamos com muita vonta de fazê-los. Ou quando julgamos não ter a habilidade para tanto.

Fazia tempo que não lhe víamos (com ou sem acento?) por aqui. Volte mais vezes senão tudo fica muito certinho.

Letícia disse...

E aqui tem mais escritor que em qualquer outro blog. ¬¬

Eu preciso dizer que acredito na desconstrução. E essa gente que se diz poeta, escritor e fica com coisinhas de crítica e montar palavras. Pra mim é tudo uma M... porque acredito na arte imediata. Embora seja pensada, ela não enrola e já estou cansada de embromação. Eu gosto da língua pura e sarcasmo também. Simplesmente adorei, Valcir.

Vanessa Wigger disse...

Adorei tua forma de expressão. Se me permite, vou colocar teu poema do post "A Inveja é uma m... ou Frankenstein" no meu Blog. Abraços!