quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Suposições e esperas

(foto por Tech Overide - DeviantArt)


Suponho impossível
Logo sonho
Acordo
Vou à varanda
Acendo cigarros
Espero a revelação

E das muitas questões que surgem, poucas respostas tenho para dar. Não sei explicar nada que entendo. Minhas pretensões apocalípticas evanesceram-se ao reconhecer que necessitava pagar contas. Não as minhas. As alheias.

Suponho impossível
Logo faço orações

Joelho no chão

Mãos apontando o céu

Faço jejum

Espero a revelação


Dias incontáveis em mórbida espera. Não faltam açoites e simulacros de penitências. Não sei fazer promessas, posto que não sei como pagá-las. Tento sondar o insondável. Silêncio perturbador. Não o meu. O alheio.

Suponho impossível
Logo faço ameaças

Dramas infantis

Receita de desastre

Redijo demandas

Exijo uma revelação


A vida passa rápido. Não parece apontar para um Nirvana possível. E eu sei que tragédias anunciadas são adoráveis roteiros de filmes B. O lado avesso é confortável, o vizinho é mais feliz, há uma mosca na minha sopa, espero a propaganda acabar, tomo café com menta, ouço música que me faça pensar bobagens.

Aguardo uma revelação
Poucas palavras sábias

Um gesto

Sinais de fumaça

Aguardo, mas logo
Suponho impossível

9 comentários:

Marília Silveira disse...

Supuseste impossível
e da revelação te vieram apenas palavras para um post inquietante

é a vida na ausência dos nirvanas e na presença das trajédias de filmes B

seguimos aqui
degustando cafés

e palavras com trilha sonora: cruising together...

grande abraço!

Camila disse...

E nós vivemos na esperaça de ter uma reveleção. Quem não queria? Eu queria. Mas não aguardo mais, não suponho mais impossível, sei que é. Eu bem queria tragédias e comédias anunciadas, mas sempre me ajoelho e aponto as mão para o céu e nem sempre rezo, porque às vezes meu silêncio fala muito mais aos outros, até a Deus, então não peço nada. E não sonho com o Nirnava. Pra mim, o Nirvana já é poder sonhar.

Abraços, João!

Letícia disse...

The grass is always greener on the other side.

Seria isso, João? Eu li seu poema e sou eu ali no primeiro verso. Impossível mesmo tem sido acreditar que ainda somos fortes e tudo passa por nós. O caráter de voz universal que têm os poetas é conforto. Mesmo falando das maldades e desastres, são suaves. E eu leio, João. Você elabora seu trabalho olhando o mundo e isso faz verdade cada palavra escrita.

"O vizinho é mais feliz, há uma mosca na minha sopa, espero a propaganda acabar, tomo café com menta, ouço música que me faça pensar bobagens."

(João Neto)

That's it.

Se cuida, amigo.

Camilla Tebet disse...

Eu também aguardo uma revelação. Não saberia dizer nas suas palavras de poeta como seria ela. Mas viria do céu, algo de milagroso e inexplicável, para assim não ter que falar de possível ou impossível.

*blackcat* disse...

Olá João, tudo bem?
De certa forma vc disse coisas com as quais me identifiquei e acho que é dessa revelação que ainda não veio, que eu preciso. E não quero que seja impossível. Então ainda vou aguardar, vou ajoelhar e orar pelo possível.

Que bom passar por aqui, tomar um cafézinho, ouvir as músicas, são ótimas. Tenho uma sugestão...
Iris do Goo Goo Dolls, vc vai gostar, é linda.
Filme City Of Angels.
Bom, então é isso, até mais...
Bjs...Ro

Narradora disse...

Tenho dias assim, de inquietude e espera... Mas noutros,a vida chama com força pro agora, aí, deixo o passo fazer o caminho.
Bonito texto.
Bjs

Márcio Almeida Júnior disse...

João,
Acrescentei seu "Café" aos meus destinos costumeiros na web. O blog é bom e inspirado. Siga em frente. Gostei de "Quando escrevo", em especial.

Marília Silveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marília Silveira disse...

Bom que os caras apesar de não estarem postando estão atentos aos recados
obrigada por incluir a música al otro lado del río do Jorge Drexler

sinto falta de um João que não escreve faz tempo...


beijoo