Poetas para cá. Poetas para lá. Os poetas fazem muito sucesso nestas plagas. Movido pelo legítimo sentimento que intitula este post, a despeito da certeza de que não nasci para isso e na esperança de que, ao menos, meu esforço seja reconhecido, resolvi parir uma poesia também. Profundo desconhecedor desta arte obscura, resolvi tentar um método revolucionário de desconstrução. Ou anti-receita de bolo (com hífen ou sem hífen? - e- hífen com acento ou hifen sem acento?). Parti de uma estrutura clássica, sólida e de valor cultural incontestável:
Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão
Levo papai no bolso
E mamãe no coração
Acrescentei uma pitada de melancolia, quebrei a rima, para ficar moderno, atualizei as relações familiares, extraí o contexto pequeno burguês e mantive a parte mais pungente:
Batatinha quando MORRE
Se esparrama pelo SOLO
Levo o namorado da mamãe A SÉRIO
E a mamãe no coração
E... não estava funcionando. Saem pai e mãe. Mais versos, isso. Entram um toque esotérico, outro politicamente correto. Algo non sense. Algo religioso. Uma referência a um grande poeta vivo. Melhor, morto.
Hórus quando morre
Se esparrama pelo Nilo
Um elefante trago no bolso
Cigarros não trago nunca,
Buda que me livre!
Havia uma batata no meio do caminho
No meio do caminho havia uma batata
E... ah, esquece! Vou voltar à prosa.
3 comentários:
KKKKKKKKKKKK!!!!
Você é a voz do contra que só faz somar. E poema pode ser feito de várias formas, mesmo quando não estamos com muita vonta de fazê-los. Ou quando julgamos não ter a habilidade para tanto.
Fazia tempo que não lhe víamos (com ou sem acento?) por aqui. Volte mais vezes senão tudo fica muito certinho.
E aqui tem mais escritor que em qualquer outro blog. ¬¬
Eu preciso dizer que acredito na desconstrução. E essa gente que se diz poeta, escritor e fica com coisinhas de crítica e montar palavras. Pra mim é tudo uma M... porque acredito na arte imediata. Embora seja pensada, ela não enrola e já estou cansada de embromação. Eu gosto da língua pura e sarcasmo também. Simplesmente adorei, Valcir.
Adorei tua forma de expressão. Se me permite, vou colocar teu poema do post "A Inveja é uma m... ou Frankenstein" no meu Blog. Abraços!
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