Saudade já é palavra antiga
Cujo uso não preenche o significado destes cem dias de solidão
Os ponteiros avançam com indolência
Quando se dará o retorno de saturno?
Quando os astros finalmente se alinharão?
Quando, finalmente, os sinos se dobrarão?
E mesmo com a data marcada e anunciada e cantada em verso e prosa
E desesperadamente esperada
As folhas do calendário caem com preguiça proposital
E zombam, desdenham e torturam
A cama, preenchida de recordações e vazia do teu calor, é armadilha para faquir
A dor, que arde no peito, é chama que não aquece
Chama pelo teu nome e lábios e sussurros e suspiros
E conjura teu corpo
E é quase possível sentir teu perfume
E ao fechar dos olhos
Sentir o encontro, o enlace, o encaixe, a dança, o gozo e o descanso
E o abraço de olhos nos olhos e mãos que acariciam
E com juras de amor proclamadas à distância
Passam-se estes dias deslocados no tempo e no espaço
Vazios
Ps.: Claro que você, Siana, é a musa inspiradora. Beijos, que em breve poderei dá-los de corpo presente. Amo você.