Ps.: Não consegui descobrir uma maneira de postar o desenho em um tamanho bacana. Depois de horas brigando com a tecnologia fui vencido pelo cansaço. Aos amigos leitores que tenham problemas de visão, sugiro clicar na imagem para ela ficar maior. Desculpem o incômodo, vou continuar tentando encontrar uma maneira de colar a imagem em um tamanho maior.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Vassouras
Ps.: Não consegui descobrir uma maneira de postar o desenho em um tamanho bacana. Depois de horas brigando com a tecnologia fui vencido pelo cansaço. Aos amigos leitores que tenham problemas de visão, sugiro clicar na imagem para ela ficar maior. Desculpem o incômodo, vou continuar tentando encontrar uma maneira de colar a imagem em um tamanho maior.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Sonhos Que Não Recordo
Sei que escrevo palavras tortas
Mas sigo a linha
E rezo pela cartilha
Pela sua maldita cartilha
Sustento meus vícios
Beijo nuvens em sonhos que não recordo
E rego as flores no jardim
As suas flores, o seu jasmim
Passou outono, inverno, primavera, verão
Um dia a mais caminhando
E faço aniversário
Comemoro pouco, bebo muito
Mover, mover, mover, mover
E não se sabe para onde se vai
Até Deus teve um dia de descanso
Quando você permitirá o meu?
Trago livro, traguei muita fumaça
Hoje faço poema, escrevo ilusões
Mágica na ponta do lápis
Devaneios e sonhos que não recordo
Sonhos que não recordo
Sonhos que não recordo
Abri mão de mim
Piada mal contada em salão de festa
Perdido de mim
Sinal de fumaça a milhas de distância
Vejo-me passar sozinho no outro lado da rua
Rasguei umas folhas de embrulhar pão
Espero, ao menos uma vez
Lembrar dos meus sonhos
domingo, 19 de outubro de 2008
Acenda um Cigarro e Ouça Boa Música
(Foto por Karma Police 881 - DeviantArt)
Neste momento não reflito sobre muita coisa além do necessário. Desprezo ninharias, converto santos à minha religião e confesso pecados inacabados. Há maior arrependimento do que daquilo que se desejou fazer e não se fez? Relógio percorre caminho em voltas sem fim. Pirueta descendente qual avião desgovernado rumo ao chão. Assim é o tempo. Assim esvaem-se os momentos, ficam-se os anéis, contam-se os dias, perde-se o vigor e, no ocaso, somos velhos farrapos contando vantagens infantis. Tenho bloquinho onde rascunho idéias, mas nunca as leio novamente. Idéias deitadas em papel não fazem verão, não movem moinhos, não são merecedoras de releitura, não põem o café na mesa para o desjejum. O conforto que resta é saber-se sonhando acordado. E o pânico discreto que nos aflige vem de descobrir-se piloto do avião que faz piruetas rumo à realidade da existência. O caminho para o fim. A finitude humana frente ao universo. A angústia de acreditar-se uma mera marionete. Salvem Kierkegaard da religião, dizem os filósofos. Salvem Kierkegaard da filosofia, dizem os religiosos. Aproveite a paisagem, diz a auto-ajuda. Estoure os miolos, diz a razão. Acenda um cigarro e ouça boa música, digo eu.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Primazia Primata
Somos escravos. Massa disforme e conforme mandam nossos delírios de grandeza. Colhemos em plantação alheia, escrevemos bilhetes de geladeira, beijamos sem prazer e, obcecados, açoitamos nossos amores e os reduzimos a pó. Somos meliantes, somos forasteiros, somos balzaquianos, somos freudianos, somos lacanianos, somos tese de doutorado, somos, no fim de tudo, estatística do IBGE. Verborrágicos, lacônicos, arrogantes e pretensamente verdadeiros. Somos pré-conceitos. Somos o supra-sumo da criação, o máximo da evolução e, em nossa megalomania, não abrimos nem para um trem. Fingimos inocência, pesar, choro e ranger de dentes. Tememos a morte, a senilidade, a falta do desejo, a bomba atômica, o velho do saco, as idéias de Bush e as calorias da torta de morango. Tememos os ratos e votamos neles para governarem nossos recursos. Ajoelhamos todos as noites de braços dados com Sade e Sacher-Marzoch e nos masturbamos xingando, atanazando, vendando, espancando, chicoteando, batendo, queimando, estuprando, esfaqueando, estrangulando e mutilando a nossa vida.Somos escravos. Mentimos sem o menor rubor para mantermos o status quo. Somos covardes. Somos um caldo difuso, expressão cáustica de um não-viver atônito, perplexo e sem destino. Montamos uma farsa com base em uma cultura digna dos piores vitupérios, violada e volatilizada ao sabor dos mercados. E não nos damos conta. Caminharemos até o fim do mundo como Alice, o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata: de braços dados e recitando poemas mal acabados. Somos escravos. Somos primatas. Macacos treinados brincando de deus em troca de bananas. Somos a primazia do mundo que alegremente arremessamos na latrina.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Senhor do Tempo
O poeta lança grãos
Colhe vento
Colhe ventania
Colhe garoa, chuva, temporal
O poeta, senhor do tempo
Faz sua própria previsão
Dia claro, folha em branco
Busca palavras
Cria vocabulário
Dança a pena sobre o papel
Escreve para si, encontra o outro
Abraço literário
O poeta, este senhor do tempo
Cria o clima ao bel prazer
Faz sol se esconder
Traz nuvem só para regar jardim
E suas flores lançam a verdade do dia
Convite à fantasia
Festa, ode, poesia
O poeta faz sua previsão com rebeldia
Quem pode resistir
Ao senhor da boemia?